2. Eu sou a Lua

Eu sou a lua que não ilumina!
Sou eu que, mesmo ausente, a morte ensina.
De Deusa Hécate eu já fui chamada.
Eu sou o instinto, a bruxa das estradas.
Hécate, a mãe impositiva e bela,
que fere ao longe e a seu bel-prazer;
que, às vezes, toma a forma de cadela;
e faz vosso destino desfazer.
Representada tendo três cabeças:
minguante, eu era, nova e crescente.
Mas se agora eu sou só Eva às avessas,
pertenço às sombras e sou só ausente.
Sou Lilith, sou a mulher de Adão.
Fui sempre um sonho, desde a criação.
Sou eu a mãe de todos os capetas.
Ao pai e ao macho eu sou oposição.
Se na menina-moça eu sou as tetas,
eu sou desejo, eu sou proibição.
Sou a lua negra que não ilumina.
Sou Lilith, que a morte vos ensina.
Mirai-vos, pois, em mim. Mirai o escuro.
Eu sou o caos, a fenda… eu sou o furo!
Na plena negritude desta sala,
sou Lilith e homem nenhum me cala.
Sou Lilith e trago duas Fúrias
que vão me auxiliar numa vingança.
Pra transformar riquezas em penúrias
falar me basta. E não falar me cansa.
Pois, contemplai! Também a fala amansa.
Pois, contemplai: a fala, o canto, a dança.



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Produção Musical, Composição, Arranjo
e Sequenciamento: Rubens Tubenchlak

Letra:
Favish

Voz:
Daniela Horovitz